quinta-feira, dezembro 21, 2006

FILME:::FILME:::FILME:::

Hotel Ruanda

No final do filme não podemos deixar de nos cobrir com um lençol de vergonha. Devia, aliás, ser esse o grande objectivo do realizador, pois é sem dúvida o que todos deveriam sentir.
O filme retrata o início do genocídio (ou "actos de"), perpetuados pelos Hutus aos Tutsies, no ano de 1994. A acção foca-se no Hotel Mille Collines, pertença de um grupo belga, antigos colonos do país e, como em tudo, os culpados históricos de todos os problemas.
Neste hotel, sob a liderança do carismático anti-herói Paul, a sobrevivência faz-se todos os dias, com um preço demasiado alto... Casado com uma mulher tutsie, Paul, um hutu, vai jogar o jogo diplomático com os generais assassinos, subornar os chefes das milícias, proteger os vizinhos ameaçados de morte e ser o único fio de esperança, quando todos os influentes os abandonaram.
Esta é a imagem mais forte do filme. Quando as forças da ONU, os jornalistas, os turistas e os diplomatas são evacuados do país, deixando-os como carne para canhão, abandonados ao seu destino. E nada fizeram. Sabendo que se trata de uma história verdadeira, faz-nos pensar ainda mais.
Logo no início do filme, uma voz off afirma que o Presidente Clinton estava preocupado com a situação em Sarajevo. Como já li algures, a Europa estava preocupa com o seu quintal e deixou que acontecesse, longe da sua vista, mais uma atrocidade.
Um filme obrigatório, muito ao estilo Lista de Shindler (versão África e menos pomposa), que nos deixa uma dúvida pertinente na cabeça...A Humanidade existe?

Webiste oficial

segunda-feira, dezembro 18, 2006

:::LIVRO:::LIVRO:::LIVRO

Chicago Pimp

A vida de um chulo negro na América profunda dos anos 30...
Este foi o descritivo que me deixou com os sentidos aguçados.
Comprei e acabei finalmente de o ler (finalmente porque não gosto
de prolongar a leitura de um livro...os livros são como os gelados,
se não os lemos na altura certa podem de derreter).
Um fim algo abrupto, como se o autor tivesse pressa de chegar ao fim. Pressa de se redimir.
É uma narrativa na primeira pessoa, mas um tanto atabalhuada,
sem deixar de ser interessante e por vezes viciante. Tal como o autor
avisa no início, não devemos julgá-lo interessante conhecer a sua história,
a história de um jovem negro que um dia desejou vencer no mundo branco,
através da exploração sexual das suas prostitutas (e dos dividendos que daí podia retirar).
Parece estranho usar este tipo de linguagem associada a este livro, pois este é um daqueles tipos nus e crus, onde a narrativa sem decoro é ponto chave para poder transmitir, sem falácias
nem artimanhas, a verdade dos intervenientes e dos cenários.
Numa roda viva pelo submundo americano, ruas, bares, motéis, becos, chulos, prostitutas, clientes, polícias corruptos, drogas, prisões e cheiros coexistem, nas memórias de Slim.
Um grande turbilhão que escondia a intimidade de um homem que nunca perdoou
as suas próprias fraquezas.
Iceberg Slim consegue ser execrável, detestável, odioso com as suas mulheres. E no entanto, terminamos o livro com um grau de pena e empatia fora do comum. Afinal a vida de um negro daquela época não era nada fácil, mas claro está que as nossas escolhas fazem a nossa fibra.
No final fica a grande questão. É possível mudar?
Uma nota curiosa... Algures no texto, é dito que os primeiros chulos negros começaram este tipo de negócio como forma de vigança em relação aos brancos...Sabendo que os brancos deixavam
o seu dinheiro com as prostitutas negras, o chulo negro poderia redimir a história e ficar
com duas coisas que o homem branco tinha e ele não: dinheiro & dignidade.
A ler, sem grandes expectativas.

Oficina do Livro - sinopse

segunda-feira, dezembro 04, 2006