terça-feira, fevereiro 28, 2006

::::ESPECTÁCULOS::::ESPECTÁCULOS::::

Dia 29 de Abril, pelas 22h00 na Aula Magna, os dinamarqueses Kings of Convenience de novo entre nós, desta vez numa sala digna de tal.
Bilhetes já à venda.

Bilhetes: 23 EUR (plateia) / 30 EUR (doutorais)

Discografia:
Quiet is the New Loud (2001)
Riot on an Empty Street (2004)

Site (não actualizado) www.kingsofconvenience.com

:::MÚSICA:::MÚSICA:::MÚSICA::MÚSICA::

Quem conhece e tem acompanhado a carreira de Zero 7 saberá que Mozes é uma das vozes chave que dá corpo ao grupo, assim como Horace Andy dá alma e profundidade R&B aos Massive Attack. Sem qualquer comparação possível, os Zero 7 fizeram dois álbuns que passaram mais ou menos por alto no nosso país (Simple Things /2001 e When it Falls /2004) . Ainda muito cedo foram convidados para ir ao Sudoeste 2001 (éramos 20 a cantar as músicas), o que não é necessariamente mau. O segundo disco foi subtil e deles pouco se ouviu mais.
Nestas alturas o trigo separa-se do joio e toma coragem para gravar um disco a solo. A editora (não é a mesma dos Zero 7) Apace, ainda em 2005 dá o sim e eis que chega "So Still" até nós.
Verdade que só em 2006 o disco está disponível na fnac, mas no mundo da globalização a falha é de quem não procura (no-ebay por exemplo).
Num registo R&B com orquestrações em pano de fundo, Mozes aprofunda o trabalho vocal já aflorado nas suas participações nos discos dos Zero 7.
Gosto do disco. Requer entrega na audição. É um disco calmo para quem gosta de ambientes electrónicos easy-listening, vozes negras que embalam, coros que enriquecem e melodias que não se impõem, antes pelo contrário. Fazem parte de um todo.
Pomos play e não nos apercebemos bem da mudança das músicas, não é um disco de fins e princípios, é antes um contínuo musical ao longo de 60 minuos.
Com influências funk e gospel anos 70, trip-hop anos 90 e muito R&B, "So Still" é uma boa surpresa no panorama entediante da música editada nestes últimos tempos. Oiçam "Fuzz" com a participação dos Nightmares on Wax e depois decidam.

Feel Free
Baby Blue
Troubled Mind
So Still
Spining Top
Somehow Now
Getting Better
Take the Sun
Fuzz feat. Nightmares on Wax
Venus Rise
Beautiful Day feat. Henry Binns from Zero 7
Stay Beautiful
If I Fall
Eternity


Autor: MOZES
Título: So Still
Ano: 2005
Editora: Apace Music Lda
País: Reino Unido
Timing: 60m
http://www.apacemusic.co.uk/public/

::MÚSICA::MÚSICA::MÚSICA::MÚSICA::

YANN TIERSEN era um bom rapaz, até que conheceu o guitarrista e o baixista que o acompanham na tournée que está a levar a cabo e que ontem passou pelo Centro Cultural de Belém. E deixou-se levar pelos caminhos escuros do rock.
Para quem como eu foi à procura da banda sonora de "O Fabuloso Destino de Amélie" ou "Adeus Lenine", o sentimento de fraude não podia ter sido maior.
De estilo popular francês ouviu-se apenas em 4/5 músicas. O resto foi um desembrulhar de clichés, acompanhado por uma tentativa de parecer um grupo de rock stars. É preciso dizer que o baixista é uma completa anormalidade na personificação do rockeiro, numa performance absolutamente batida de saltos e esgares dos tempos idos. Adormeci algumas vezes.
Alguém disse ao rapaz que "rockeiro" não combinava com "acordeão", e ele fez uma escolha. É pena. Como banda de rock é uma nulidade, como artista de música popular era convidado para fazer bandas sonoras de filmes mais ou menos independentes que acabam sempre por ter enorme projecção e apoio da crítica. É difícil ver qual o caminho a seguir.
Será interessante referir a diversidade da composição etária do público que ontem recebeu os músicos, apesar da estética imagética esquerdista que transpirava no local e até nos próprios músicos. Por momentos parecia que estava no Avante!, mas em cadeiras muito mais confortáveis.
O concerto em si foi uma experiência de opostos. Fantástico quando Yann se sentava ao piano, agarrava o acordeão, tocava violino e péssimo quando se repetiam as estruturas melódicas pseudo-rock anos 70.
As expectativas eram grandes, uma vez que o concerto tinha sido adiado em 22 de Dezembro, dado a mãe de Yaan estar doente. 2 meses depois...Há quem tenha opiniões diferentes. Podemos discutir isso depois.


Yaan Tiersen
27/02/2006
CCB - Grande Auditório
Aprox. 1h45m
http://www.yanntiersen.com/

:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::

Syriana é um filme denso. Um filme que incomoda por não ser linear e por não ser de rápido entendimento e compreensão.
O reflexo de uma América globalizadora e economicista.
O filme desenrola-se numa paisagem de pequenas estórias que se vão interligando no decorrer da história central.
A acção centra-se na indústria de exploração do petróleo, no Irão de hoje em dia. Uma realeza corrupta e cobarde, demasiado agarrada aos luxos da vida, uma base de populares pobres e sem condições, um conjunto considerável de imigrantes indianos que lutam por um qualquer trabalho, prontos a serem dispensados na primeira fusão.
É um filme humilde, que deixa a quem o vê o papel de fazer julgamentos e tirar ilações. Um filme que ainda assim tem tempo para se focar em pormenores e retratar a inocência de homens e crianças.
Uma mão-cheia de actores fenomenais, que mesmo nos seus papéis secundários conseguem imprimir ao filme um registo de excelência cinematográfica. Syriana é sem dúvida a consagração da carreira de George Clooney. Matt Damon tem também um desempenho exemplar.
É também um filme duro e felizmente inteligente.
Não tenham dúvidas, vejam.


Syriana
Título original: Syriana
De: Stephen Gaghan
Com: Kayvan Novak, George Clooney, Amr Waked, Christopher Plummer
Género: Dra, Thr
Classificacao: M/12
EUA, 2005, Cores, 126 min.
http://syrianamovie.warnerbros.com/

:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::

Livro 1 - Filme 0

Para quem leu o livro, este filme peca por vários motivos. Forma a mais e conteúdo a menos. As minhas expectativas eram extremamente elevadas para a corporização de um livro já de si tão rico em metáforas e descritivos que nos deixa criar o filme todo na nossa cabeça. Logo à partida, a tarefa não era fácil. Claro que temos de ter em conta quem faz e quem produz, quem adapta e quem é o público prioritário desta peça. Não é de certeza quem devorou todas as páginas do livro ou quem gosta do estilo e cultura japonesas e diversifica para autores, designers, arquitectos ou fotógrafos "de gema". Ainda maior falha é ter as personagens a falar inglês. Não há música nos diálogos. Não conseguimos desligar da "sombra" americana que paira no filme.

Não vou falar sobre a estrutura do filme porque aborrece-me fazê-lo. Concordando com outra crítica, transformaram o meu livro numa telenovela. De qualquer maneira, não se poderá negar todo o aparato de produção e fotografia, apesar de ser esse mesmo o calcanhar de Aquiles para um público conhecedor e exigente: soa demasiado a falso.

Memórias de Uma Gueixa
Título original: Memoirs of a Geisha
De: Rob Marshall
Com: Ziyi Zang, Ken Watanabe, Michelle Yeoh
Género: Dra
Classificacao: M/12
EUA, 2005, Cores, 145 min
http://www.sonypictures.com/movies/memoirsofageisha/

:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::

Broken expectations

O filme acabou e a sensação de fraude tomou conta de mim. Eu queria mais, eu queria saber tudo e fiquei sem nada. A narrativa é repetitiva, gira sempre à volta da mesma estrutura e é pobre em termos de essência. Don, o próprio, acaba por ser o mesmo de "Lost In Translation" (filme absolutamente fabuloso), sem acrescentar mais nada. E sem a rede que LIT lhe proporciona. As mulheres, todas actrizes de primeira água, têm um papel tão residual quanto insignificante. A presença de Sharon Stone, Jessica Lange, Julie Delpy, Chlöe Savigny, Frances Conroy não acrescenta nada à já pouco cativante personificação de Bill Murray. Fica Winston e a sua música, na memória a curto-prazo. Pontos ganhos no tipo de realização, independente, planos mais próximos, fotografia fantásticas nos pesadelos de Don. Depois de "Café e Cigarros", esperava ver mais. Mas em "Broken Flowers" não foi assim.

Broken Flowers - Flores Partidas
Título original: Broken Flowers
De: Jim Jarmusch
Com: Bill Murray, Julie Delpy, Heather Simms
Género: ComDra
Classificacao: M/12
EUA/FRA, 2005, Cores, 106 min
http://brokenflowersmovie.com/home.html