quinta-feira, dezembro 21, 2006

FILME:::FILME:::FILME:::

Hotel Ruanda

No final do filme não podemos deixar de nos cobrir com um lençol de vergonha. Devia, aliás, ser esse o grande objectivo do realizador, pois é sem dúvida o que todos deveriam sentir.
O filme retrata o início do genocídio (ou "actos de"), perpetuados pelos Hutus aos Tutsies, no ano de 1994. A acção foca-se no Hotel Mille Collines, pertença de um grupo belga, antigos colonos do país e, como em tudo, os culpados históricos de todos os problemas.
Neste hotel, sob a liderança do carismático anti-herói Paul, a sobrevivência faz-se todos os dias, com um preço demasiado alto... Casado com uma mulher tutsie, Paul, um hutu, vai jogar o jogo diplomático com os generais assassinos, subornar os chefes das milícias, proteger os vizinhos ameaçados de morte e ser o único fio de esperança, quando todos os influentes os abandonaram.
Esta é a imagem mais forte do filme. Quando as forças da ONU, os jornalistas, os turistas e os diplomatas são evacuados do país, deixando-os como carne para canhão, abandonados ao seu destino. E nada fizeram. Sabendo que se trata de uma história verdadeira, faz-nos pensar ainda mais.
Logo no início do filme, uma voz off afirma que o Presidente Clinton estava preocupado com a situação em Sarajevo. Como já li algures, a Europa estava preocupa com o seu quintal e deixou que acontecesse, longe da sua vista, mais uma atrocidade.
Um filme obrigatório, muito ao estilo Lista de Shindler (versão África e menos pomposa), que nos deixa uma dúvida pertinente na cabeça...A Humanidade existe?

Webiste oficial

segunda-feira, dezembro 18, 2006

:::LIVRO:::LIVRO:::LIVRO

Chicago Pimp

A vida de um chulo negro na América profunda dos anos 30...
Este foi o descritivo que me deixou com os sentidos aguçados.
Comprei e acabei finalmente de o ler (finalmente porque não gosto
de prolongar a leitura de um livro...os livros são como os gelados,
se não os lemos na altura certa podem de derreter).
Um fim algo abrupto, como se o autor tivesse pressa de chegar ao fim. Pressa de se redimir.
É uma narrativa na primeira pessoa, mas um tanto atabalhuada,
sem deixar de ser interessante e por vezes viciante. Tal como o autor
avisa no início, não devemos julgá-lo interessante conhecer a sua história,
a história de um jovem negro que um dia desejou vencer no mundo branco,
através da exploração sexual das suas prostitutas (e dos dividendos que daí podia retirar).
Parece estranho usar este tipo de linguagem associada a este livro, pois este é um daqueles tipos nus e crus, onde a narrativa sem decoro é ponto chave para poder transmitir, sem falácias
nem artimanhas, a verdade dos intervenientes e dos cenários.
Numa roda viva pelo submundo americano, ruas, bares, motéis, becos, chulos, prostitutas, clientes, polícias corruptos, drogas, prisões e cheiros coexistem, nas memórias de Slim.
Um grande turbilhão que escondia a intimidade de um homem que nunca perdoou
as suas próprias fraquezas.
Iceberg Slim consegue ser execrável, detestável, odioso com as suas mulheres. E no entanto, terminamos o livro com um grau de pena e empatia fora do comum. Afinal a vida de um negro daquela época não era nada fácil, mas claro está que as nossas escolhas fazem a nossa fibra.
No final fica a grande questão. É possível mudar?
Uma nota curiosa... Algures no texto, é dito que os primeiros chulos negros começaram este tipo de negócio como forma de vigança em relação aos brancos...Sabendo que os brancos deixavam
o seu dinheiro com as prostitutas negras, o chulo negro poderia redimir a história e ficar
com duas coisas que o homem branco tinha e ele não: dinheiro & dignidade.
A ler, sem grandes expectativas.

Oficina do Livro - sinopse

segunda-feira, dezembro 04, 2006

terça-feira, novembro 28, 2006

Spanky Wilson e os Quantic no Casino Lisboa

Lisboa deve ser das únicas cidades que oferece espectáculos deste nível gratuitamente...ou não. Nunca tinha ido ao Casino Lisboa (ou a qualquer um dos outros), pelo que a minha expectativa face ao local era grande. Gostei do espaço mas confesso que falta algures uma mística qualquer... Entretanto, cinco euros depois numa slot machine indecifrável, sentámo-nos no afamado Lounge Arena, no segundo anel rotativo. A experiência não foi das melhores mas, como em tudo na vida, aprende-se sempre. Para a próxima fico no primeiro andar...
O concerto foi muito bom, excepto quando Spanky abandonava o palco e os Quantic se perdiam nos devaneios Habaneros pseudo Buena Vista Social Club (de segunda). Quando a Miss Spanky entrava novamente, voltava o mood R&B-funk-jazzy que faz do album, já citado num post anterior, uma das minhas escolhas para o ano de 2006. Efusivo, descontraído, com um gosto a be-bop e contagiando toda a sala (cheia e em comunhão), o concerto de cerca de 1h30 foi, sem dúvida, um dos marcos musicais a que tive a sorte de poder assistir. Talvez um retorno à Aula Magna faça sentido depois desta adesão.
Já agora, e como até merecem, um obrigado aos senhores do Casino que nos presentearam com esta pérola musical.

Lavazza 2007


Calendário Lavazza

domingo, novembro 26, 2006

quarta-feira, novembro 22, 2006

O Blog Egocentrado



Egotismo

Eu (eu eu eu eu eu) adoro gente inteligente.

Juntem aos favoritos*

Eu vi a lenda ao vivo :)


A ovação durou mais de cinco minutos, e a sala estava esgotada, de pé a aplaudir. Ainda antes de começar o espectáculo, alguém desesperado esperava que a sua folha de papel lhe desse acesso à tão desejada entrada ("Procuro bilhete" dizia ela).

Wayne Shorter esteve cá no dia 9 de Novembro, do alto da sua genialidade com o seu também genial quarteto (Brian Blade, John Patitucci e Danilo Perez) a acompanhar. Confesso que o meu ouvido pendeu para o contrabaixista.

Quarteto de Wayne Shorter

É por isso que eu gosto da Culturgest e da sua programação cultural.

terça-feira, outubro 31, 2006

::::FlLME::::FILME::::FILME::::

Uma Família à beira de um ataque de nervos é uma péssima tradução para Little Miss Sunshine. Há nomes que nos fazem pensar "Filme foleiro". E esta tradução fazia-me comichão, até ter seguido o conselho de uma amiga. E passar o tempo todo do filme a rir. É um filme despretencioso, estilo série B pseudo-intelectual (sim, admitamos), capaz de criar alguns clubes de fans e de se tornar a pérola escondida do ano. A Família tem vários ataques de nervos e nós vamos acompanhando a saga da pequena Olive, que só sonha em ganhar um dos famosos "Beauty Peagent" e tem como treinador um avó consumidor de cocaína, expulso do lar onde estava. Se ao fim de algumas linhas vemos logo que alguma coisa está errada, mistura-se um irmão adolescente de 15 anos completamente "apanhado" por Nietzsche e em pleno voto de silêncio, um tio homossexual que se tentou suicidar, uma mãe em permanente ruptura e um pai que defende uma máxima: Só estamos cá para vencer, de outra forma somos uns falhados.
E de que vale explorar mais, se vale mesmo a pena ir ao cinema e acompanhar a trágico-comédia da família Hoover, a caminho de Redondo Beach, mesmo a tempo de concorrer na 27ª edição de Little Miss Sunshine.

Little Miss Sunshine - sinopse CineCartaz

Shibuya II

Há certas imagens que nos ficam na cabeça... esta é Shibuya, o bairro mais sexy de Tokyo.
A velocidade a que as coisas passam por nós é estonteante...não podemos deixar de pensar que estamos anos luz à frente.
Fotografia do Eduardo (como seria de esperar!).
Enjoy

segunda-feira, outubro 16, 2006

:::DISCO:::DISCO:::DISCO:::


Há coisas bonitas na rádio, como quando ouvimos uma música que não nos sai da cabeça o resto do dia e andamos para trás e para a frente a cantarolar...até que vamos a uma loja e alguém esclarecido ajuda-nos a encontrar o nome que nos andava a encher o espírito. E depois não há o disco para venda...enfim, coisas de país pequeno...
Entretanto temos a net para nos salvar! Vejam o site de Quantic Orchestra e pode ser que também se apaixonem. É possível ouvir as músicas, por isso aproveitem.
Spanky Wilson & The Quantic Soul Orchestra
I'm Thankful
Tru Thoughts LP/CD [TRUCD109] Released: 11/10/06

domingo, outubro 08, 2006

Shibuya

Aqui está a prometida fotografia de uma das zonas mais conhecidas do Japão, Shibuya.
Só estando lá e possível assimilar a quantidade e os diferentes tipos de informação. Shibuya é o quarteirão mais fashion de Tokyo, onde encontramos os grupos de jovens japoneses, aqueles que povoam o nosso imaginário ocidental.
Absolutamente fabuloso.





Fotografia_Eduardo Vale

quinta-feira, outubro 05, 2006

Vale a pena ser...


A revista "Egoísta" é daquelas coisas que nos faz ter orgulho em ser português. Capaz de ter um tête-à-tête com a Walpaper*, uma das minhas revistas de eleição. Ao passar numa papelaria, não pude deixar de reparar (impossível!) na capa da Egoísta deste mês. Reproduzo aqui uma imagem, que em nada consegue assemelhar-se ao excelente trabalho gráfico do original. Vale a pena parar e apreciar.

domingo, setembro 24, 2006

fashion156.com


fashion156.com é uma webmag dedicada a moda, claro está. A cada 156 horas um novo número está disponível, apresentando aos fashion addicts as mais recentes novidades da indústria.
Achei a direcção de arte fabulosa.
Basta clickar.

domingo, setembro 17, 2006

A Vida É Bela

Sem dúvida a coqueluche das ofertas. Os dias de stress sobre "O que lhe irei oferecer?" acabaram e podemos ver agora o mundo sob uma luz.
Já tive a oportunidade de experimentar e posso averbar que vale a pena.

Descubram o catálogo de experiências no site A Vida É Bela

isaac's STYLE BOOK

isaac's STYLE BOOK
Vale a pena explorar o livro de estilo de Isaac.
A direcção de arte do site é fenomenal, partilhando imagens com enquadramentos
fora do comum.
Espreitem "Scenes from a Collection" - "Woman" e deliciem-se com as fotografias.


sábado, setembro 16, 2006

O Mau Génio

"6. Nunca achei o "Expresso" um semanário interventivo e inovador. Não mexe, não abana, não questiona. Ideal para aquele tipo de pessoas que afirmam que o expoente do jazz é a Diana Krall e que se sentam ao fim-de-semana na esplanda do CCB..."

Deliciem-se com o post EXPRESSO DO NASCER DO SOL, visitando o blog do site da discoteca Mau Génio (em Benfica - CC Nevada) vende e compra Cds, DVDs, Livros e restantes vícios culturais...

Discoteca maugenio.com - BLOG (canto superior direito)

Podem também aproveitar e visitar a loja e conhecer o carismático Mau Génio :)
Para quem gosta de estar no CCB, é possível fazer encomendas online (incluindo Diana Krall).

terça-feira, setembro 12, 2006

:::LIVRO:::LIVRO:::LIVRO:::LIVRO:::

O Orientalista é um livro que nos faz viajar através da vida absolutamente sublime de Lev Nussimbaum AKA Kurban Said AKA Essad Bey.
Trata-se de uma biografia escrita por Tom Reiss (nomeada para o Samuel Johnson Award 06), mas poderia sem dúvida ser um romance, dado o grau de situações inverosímeis e dada a aura fabulosa e excêntrica que acompanha a vida desta personagem.
Lev nasce judeu na cidade de Baku (capital do Azerbaijão), no início do século XX, filho de um pai milionário dono de poços de petróleo e de uma mãe revolucionária, adepta do bolchevismo. Todo o paradoxo inicial seria já um prato bem servido de pormenores históricos...Lev, um escritor de sucesso com inúmeras obras publicadas, passará o resto da sua vida em trânsito, quer em termos físicos e geográficos como em termos emocionais. Com a morte do Czar russo e a subida dos bolcheviques ao poder, Lev e o pai são forçados a fugir de Baku, iniciando um percurso que flutua ao sabor das estórias, testemunhando e sendo pautada pelos grandes e pequenos momentos da História política e económica do século XX.
Se até agora o descritivo parece interessante, sê-lo-á ainda mais ao acrescentar que Lev nutre um sentimento de identificação extremamente forte com a cultura oriental e muçulmana, tendo-se tornado o símbolo do Orientalismo Judaico nas diversas capitais europeias onde viveu, ou por onde passou, e no seio de sociedades altamente elitistas, no eufórico ambiente pós-I Guerra. Será mais do que irónico apercebermo-nos que muitos do teóricos desta corrente perfilham a união espiritual do legado muçulmano na cultura judaica...
Um livro a ler, obrigatório para quem gosta do estilo romance histórico e simpatiza com as personagens algo absurdas, corajosas, determinadas e dramáticas do realismo mágico sul-americano, ao estilo de Gabo.

Autor:Tom Reiss
Editora: Civilização Editora
Data: 2006
Título Original: The Orientalist
Tradução: Michele Hapetian; 476 páginas

quinta-feira, setembro 07, 2006

Bem-vindos à Economia da Experiência

“Na medida em que bens e serviços se comoditizam, as experiências de consumo criadas pelas marcas terão cada vez mais importância.”

Artigo integral


A publicar na Marketeer de Setembro

segunda-feira, agosto 21, 2006

Japão

Em Julho fomos ao Japão passar férias. Tenho de fazer upload de algumas fotografias que reflictam um mix cultural absolutamente vertiginoso. Se NY não dorme, Tokyo deve andar a tomar speeds. O cliché que todos temos afinal não é verdadeiro, estávamos todos enganados em relação às ideias que nos povoam o imaginário ocidental.
As mulheres são lindíssimas, as lojas fabulosas, os transportes funcionam, a comida deliciosa e um sentimento de "queixo caído" agarra-se a nós durante toda a viagem e não larga até estarmos a aterrar em Paris (por exemplo).
O Japão é uma experiência completamente diferente e começa exactamente quando entramos num avião da JAL (Japan Airlines) e prolonga-se até estarmos de regresso em solo europeu.
A quantidade de pessoas, informação, lojas, espaços, comunicação, montras, toldos, barulhos, luzes, passadeiras, poderia parecer opressivo à primeira vista, mas quando estamos descansadamente a atravessar uma passadeira com cerca de 500 pessoas e ninguém nos pisa o pé, sabemos que estamos num país organizado.
Saindo de Tokyo e andando cerca de 1h para junto da praia estamos em Kamakura, cidade-berço dos templos Zen e Budistas. A paisagem é verde até onde a vista alcança e o cheiro da História e das Estórias e crenças japonesas está em todo o lado.

Vou arranjar umas imagens.

terça-feira, agosto 15, 2006

Deus é brasileiro

Confesso que deveria ter colocado imagens das pousadas, mas achei que seria melhor partilhar a fabulosa vista que delas se disfruta e deixar a vossa curiosidade fazer o resto. Concerteza o paraíso é aqui.

Pousada Um Milhão de Estrelas


Fotografia_Eduardo Vale

Pousada da Amendoeira



Fotografia_Eduardo Vale

quarta-feira, abril 05, 2006

:::DESTINOS:::DESTINOS:::DESTINOS:::

A Pousada Um Milhão de Estrelas vai buscar o seu nome à profusão de estrelas que povoam o céu no hemisfério sul.
Situada no estado de Alagoas, Município de Porto de Pedras, Praia de Tatuamunha, Brasil, esta pousada de charme faz parte de uma rota de turismo ecológico que se estende ao longo do península entre os rios Manguaba (a Norte) e a Barra de Camaragibe.
A Pousada tem 15 chalets, um restaurante/sala de apoio, piscina para adultos e outra para crianças e quiosques de apoio para quem quiser fugir do sol escaldante. O dia nasce pelas 6 da manhã e anoitece mais ou menos 12 horas depois, sempre com uma média de 30º graus e água quente.
Andar a cavalo, andar de canoa, passear de bicicleta, descansar ou simplesmente não fazer nada, são as melhores actividades possíveis para quem procura o refúgio do local.
Comecem a sonhar depois de clikar pousadaummilhaodeestrelas.com.br e não se esqueçam de dar um beijo na Zézé por mim. Ah! E esperem até provar as iguarias do restaurante da pousada. E as caipirinhas, caipiroscas e caipifrutas...
Vão dar um passeio pelo rio na jangada do Pato e esperem que o peixe-boi, a Tuca, apareça. 300 kgs de doçura e boa disposição! Um animal em vias de extinção que vale a pena fotografar.
Vale a pena também conhecer o projecto ecológico da Pousada da Amendoeira, bebam um sumo feito pela Adriana e pelo Allan e apreciem a verdadeira natureza livre de prédios, resorts, carros e moto 4. Visitem o site renovado em pdamendoeira.com.br.

E depois voltem aqui e deixem comentários.
Eu se pudesse já lá estava.

quarta-feira, março 15, 2006

:::LIVRO:::LIVRO:::LIVRO:::LIVRO:::

Despojos de Berlim é um livro fenomenal sobre a II Guerra Mundial, da autoria de Michael Pye.
A história desenrola-se no tempo corrente, com flashbacks detalhados aos episódios das vivências das personagens.
Lucia Muller-Rossi é a personagem principal de uma trama que se desenvolve na ténue linha de moralidade entre o que é sobrevivência em tempos de guerra e a ética das relações profissionais, de amizade e da família.
O seu filho, Nicholas é um professor suiço, personagem na qual se inícia a história, quando já idoso perde o seu pai, figura quase inexistente na sua vida (por culpa da mãe).
A sua filha, Helen trava conhecimento com uma das vítimas da avó e passa a ser o catalizador dos pecados da família, querendo ser a redentora das acções da Lucia e do silêncio do pai. A partir desse momento trava uma batalha pela reposição da verdade dos factos, sempre com o objectivo final de permitir a justiça intemporal, ainda que com isso vá conduzir ao desenterrar das memórias bem escondidas dos seus familiares e ao desfecho da história.
Escrito de uma maneira inteligente, com passagens literalmente viciantes, "Despojos de Berlim" é um candidato a virar filme, esperando que com isso não seja sacrificada a narrativa em nome do sucesso de bilheteira.
Um história comovente de um outro lado da 2ª Guerra.

terça-feira, março 07, 2006

:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::

Capote é um filme sobre o egoísta processo criativo de Truman, no qual o autor tem poder máximo de ingerência na vida e na obra.
É um filme que nos agarra, pela inteligente desenvoltura que a trama tem, ganhando obviamente com o desempenho fortíssimo de Philip Seymour Hoffman.
E como cereja em cima do bolo, o filme reproduz a essência da criação do livro e do estilo literário (a novela não ficcional), fazendo com que seja em si um processo de acompanhamento e desenvolvimento da história.
Quando a criatividade e a literatura são moralmente mais fortes do que os crimes relatados na história, o escritor assume-se como um cínico semi-deus, fechado na sua obsessão de criador.
Um bom filme.





Capote
Título original: Capote
De: Bennett Miller
Com: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Chris Cooper
Género: Dra
Classificacao: M/12
CAN/EUA, 2005, Cores, 98 min.

quarta-feira, março 01, 2006

:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::

Transamerica é um filme decente sobre um dos grandes tabus da América profunda do talvez séc. XXI.
A sexualidade.
É uma visão sobre como não se aceita a diferença do outro que nos é próximo mas se permite a perfidia e se cultivam as submissões das taras forçadas de cada um.
Transamerica é em grande parte o desempenho de Felicity Huffman transformada em Bree (que ainda começa Stanley) e termina numa verdadeira mulher, incluindo o instinto maternal, depois de uma tripla viagem (a da estrada, a da vida de Bree e a da descoberta da vida de Toby) cheia de pormenores e detalhes psico-trágicos que fazem rir a audiência.
Retratando com primor os clichés das famílias matriarcais desajustadas e conservadoras (a mãe ditadora estilo Dolly Parton sulista, o pai fraco preocupado com a sua ida performance sexual e a irmã rebelde num pós-estádio alcoólatra), ou os esquemas de sobrevivência dos miúdos espertos e despachados, há sem dúvida uma crítica implícita ao cinismo púdico americano, que para si clama o epíteto de "Land of Freedom. Home of the Brave".

É um filme que, tal como o nome indica, transveste a América e mostra que a liberdade é subjectiva e que o sonho não é propriedade americana como nos quiseram fazer acreditar, mas que no fundo, no fundo, a sorte protege os audazes.


Transamerica
Título original: Transamerica
De: Duncan Tucker
Com: Felicity Huffman, Kevin Zegers, Fionnula Flanagan
Género: ComDra
Classificacao: M/16
EUA, 2005, Cores, 103 min.
http://www.transamerica-movie.com/

terça-feira, fevereiro 28, 2006

::::ESPECTÁCULOS::::ESPECTÁCULOS::::

Dia 29 de Abril, pelas 22h00 na Aula Magna, os dinamarqueses Kings of Convenience de novo entre nós, desta vez numa sala digna de tal.
Bilhetes já à venda.

Bilhetes: 23 EUR (plateia) / 30 EUR (doutorais)

Discografia:
Quiet is the New Loud (2001)
Riot on an Empty Street (2004)

Site (não actualizado) www.kingsofconvenience.com

:::MÚSICA:::MÚSICA:::MÚSICA::MÚSICA::

Quem conhece e tem acompanhado a carreira de Zero 7 saberá que Mozes é uma das vozes chave que dá corpo ao grupo, assim como Horace Andy dá alma e profundidade R&B aos Massive Attack. Sem qualquer comparação possível, os Zero 7 fizeram dois álbuns que passaram mais ou menos por alto no nosso país (Simple Things /2001 e When it Falls /2004) . Ainda muito cedo foram convidados para ir ao Sudoeste 2001 (éramos 20 a cantar as músicas), o que não é necessariamente mau. O segundo disco foi subtil e deles pouco se ouviu mais.
Nestas alturas o trigo separa-se do joio e toma coragem para gravar um disco a solo. A editora (não é a mesma dos Zero 7) Apace, ainda em 2005 dá o sim e eis que chega "So Still" até nós.
Verdade que só em 2006 o disco está disponível na fnac, mas no mundo da globalização a falha é de quem não procura (no-ebay por exemplo).
Num registo R&B com orquestrações em pano de fundo, Mozes aprofunda o trabalho vocal já aflorado nas suas participações nos discos dos Zero 7.
Gosto do disco. Requer entrega na audição. É um disco calmo para quem gosta de ambientes electrónicos easy-listening, vozes negras que embalam, coros que enriquecem e melodias que não se impõem, antes pelo contrário. Fazem parte de um todo.
Pomos play e não nos apercebemos bem da mudança das músicas, não é um disco de fins e princípios, é antes um contínuo musical ao longo de 60 minuos.
Com influências funk e gospel anos 70, trip-hop anos 90 e muito R&B, "So Still" é uma boa surpresa no panorama entediante da música editada nestes últimos tempos. Oiçam "Fuzz" com a participação dos Nightmares on Wax e depois decidam.

Feel Free
Baby Blue
Troubled Mind
So Still
Spining Top
Somehow Now
Getting Better
Take the Sun
Fuzz feat. Nightmares on Wax
Venus Rise
Beautiful Day feat. Henry Binns from Zero 7
Stay Beautiful
If I Fall
Eternity


Autor: MOZES
Título: So Still
Ano: 2005
Editora: Apace Music Lda
País: Reino Unido
Timing: 60m
http://www.apacemusic.co.uk/public/

::MÚSICA::MÚSICA::MÚSICA::MÚSICA::

YANN TIERSEN era um bom rapaz, até que conheceu o guitarrista e o baixista que o acompanham na tournée que está a levar a cabo e que ontem passou pelo Centro Cultural de Belém. E deixou-se levar pelos caminhos escuros do rock.
Para quem como eu foi à procura da banda sonora de "O Fabuloso Destino de Amélie" ou "Adeus Lenine", o sentimento de fraude não podia ter sido maior.
De estilo popular francês ouviu-se apenas em 4/5 músicas. O resto foi um desembrulhar de clichés, acompanhado por uma tentativa de parecer um grupo de rock stars. É preciso dizer que o baixista é uma completa anormalidade na personificação do rockeiro, numa performance absolutamente batida de saltos e esgares dos tempos idos. Adormeci algumas vezes.
Alguém disse ao rapaz que "rockeiro" não combinava com "acordeão", e ele fez uma escolha. É pena. Como banda de rock é uma nulidade, como artista de música popular era convidado para fazer bandas sonoras de filmes mais ou menos independentes que acabam sempre por ter enorme projecção e apoio da crítica. É difícil ver qual o caminho a seguir.
Será interessante referir a diversidade da composição etária do público que ontem recebeu os músicos, apesar da estética imagética esquerdista que transpirava no local e até nos próprios músicos. Por momentos parecia que estava no Avante!, mas em cadeiras muito mais confortáveis.
O concerto em si foi uma experiência de opostos. Fantástico quando Yann se sentava ao piano, agarrava o acordeão, tocava violino e péssimo quando se repetiam as estruturas melódicas pseudo-rock anos 70.
As expectativas eram grandes, uma vez que o concerto tinha sido adiado em 22 de Dezembro, dado a mãe de Yaan estar doente. 2 meses depois...Há quem tenha opiniões diferentes. Podemos discutir isso depois.


Yaan Tiersen
27/02/2006
CCB - Grande Auditório
Aprox. 1h45m
http://www.yanntiersen.com/

:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::

Syriana é um filme denso. Um filme que incomoda por não ser linear e por não ser de rápido entendimento e compreensão.
O reflexo de uma América globalizadora e economicista.
O filme desenrola-se numa paisagem de pequenas estórias que se vão interligando no decorrer da história central.
A acção centra-se na indústria de exploração do petróleo, no Irão de hoje em dia. Uma realeza corrupta e cobarde, demasiado agarrada aos luxos da vida, uma base de populares pobres e sem condições, um conjunto considerável de imigrantes indianos que lutam por um qualquer trabalho, prontos a serem dispensados na primeira fusão.
É um filme humilde, que deixa a quem o vê o papel de fazer julgamentos e tirar ilações. Um filme que ainda assim tem tempo para se focar em pormenores e retratar a inocência de homens e crianças.
Uma mão-cheia de actores fenomenais, que mesmo nos seus papéis secundários conseguem imprimir ao filme um registo de excelência cinematográfica. Syriana é sem dúvida a consagração da carreira de George Clooney. Matt Damon tem também um desempenho exemplar.
É também um filme duro e felizmente inteligente.
Não tenham dúvidas, vejam.


Syriana
Título original: Syriana
De: Stephen Gaghan
Com: Kayvan Novak, George Clooney, Amr Waked, Christopher Plummer
Género: Dra, Thr
Classificacao: M/12
EUA, 2005, Cores, 126 min.
http://syrianamovie.warnerbros.com/

:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::

Livro 1 - Filme 0

Para quem leu o livro, este filme peca por vários motivos. Forma a mais e conteúdo a menos. As minhas expectativas eram extremamente elevadas para a corporização de um livro já de si tão rico em metáforas e descritivos que nos deixa criar o filme todo na nossa cabeça. Logo à partida, a tarefa não era fácil. Claro que temos de ter em conta quem faz e quem produz, quem adapta e quem é o público prioritário desta peça. Não é de certeza quem devorou todas as páginas do livro ou quem gosta do estilo e cultura japonesas e diversifica para autores, designers, arquitectos ou fotógrafos "de gema". Ainda maior falha é ter as personagens a falar inglês. Não há música nos diálogos. Não conseguimos desligar da "sombra" americana que paira no filme.

Não vou falar sobre a estrutura do filme porque aborrece-me fazê-lo. Concordando com outra crítica, transformaram o meu livro numa telenovela. De qualquer maneira, não se poderá negar todo o aparato de produção e fotografia, apesar de ser esse mesmo o calcanhar de Aquiles para um público conhecedor e exigente: soa demasiado a falso.

Memórias de Uma Gueixa
Título original: Memoirs of a Geisha
De: Rob Marshall
Com: Ziyi Zang, Ken Watanabe, Michelle Yeoh
Género: Dra
Classificacao: M/12
EUA, 2005, Cores, 145 min
http://www.sonypictures.com/movies/memoirsofageisha/

:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::

Broken expectations

O filme acabou e a sensação de fraude tomou conta de mim. Eu queria mais, eu queria saber tudo e fiquei sem nada. A narrativa é repetitiva, gira sempre à volta da mesma estrutura e é pobre em termos de essência. Don, o próprio, acaba por ser o mesmo de "Lost In Translation" (filme absolutamente fabuloso), sem acrescentar mais nada. E sem a rede que LIT lhe proporciona. As mulheres, todas actrizes de primeira água, têm um papel tão residual quanto insignificante. A presença de Sharon Stone, Jessica Lange, Julie Delpy, Chlöe Savigny, Frances Conroy não acrescenta nada à já pouco cativante personificação de Bill Murray. Fica Winston e a sua música, na memória a curto-prazo. Pontos ganhos no tipo de realização, independente, planos mais próximos, fotografia fantásticas nos pesadelos de Don. Depois de "Café e Cigarros", esperava ver mais. Mas em "Broken Flowers" não foi assim.

Broken Flowers - Flores Partidas
Título original: Broken Flowers
De: Jim Jarmusch
Com: Bill Murray, Julie Delpy, Heather Simms
Género: ComDra
Classificacao: M/12
EUA/FRA, 2005, Cores, 106 min
http://brokenflowersmovie.com/home.html