segunda-feira, dezembro 18, 2006

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Chicago Pimp

A vida de um chulo negro na América profunda dos anos 30...
Este foi o descritivo que me deixou com os sentidos aguçados.
Comprei e acabei finalmente de o ler (finalmente porque não gosto
de prolongar a leitura de um livro...os livros são como os gelados,
se não os lemos na altura certa podem de derreter).
Um fim algo abrupto, como se o autor tivesse pressa de chegar ao fim. Pressa de se redimir.
É uma narrativa na primeira pessoa, mas um tanto atabalhuada,
sem deixar de ser interessante e por vezes viciante. Tal como o autor
avisa no início, não devemos julgá-lo interessante conhecer a sua história,
a história de um jovem negro que um dia desejou vencer no mundo branco,
através da exploração sexual das suas prostitutas (e dos dividendos que daí podia retirar).
Parece estranho usar este tipo de linguagem associada a este livro, pois este é um daqueles tipos nus e crus, onde a narrativa sem decoro é ponto chave para poder transmitir, sem falácias
nem artimanhas, a verdade dos intervenientes e dos cenários.
Numa roda viva pelo submundo americano, ruas, bares, motéis, becos, chulos, prostitutas, clientes, polícias corruptos, drogas, prisões e cheiros coexistem, nas memórias de Slim.
Um grande turbilhão que escondia a intimidade de um homem que nunca perdoou
as suas próprias fraquezas.
Iceberg Slim consegue ser execrável, detestável, odioso com as suas mulheres. E no entanto, terminamos o livro com um grau de pena e empatia fora do comum. Afinal a vida de um negro daquela época não era nada fácil, mas claro está que as nossas escolhas fazem a nossa fibra.
No final fica a grande questão. É possível mudar?
Uma nota curiosa... Algures no texto, é dito que os primeiros chulos negros começaram este tipo de negócio como forma de vigança em relação aos brancos...Sabendo que os brancos deixavam
o seu dinheiro com as prostitutas negras, o chulo negro poderia redimir a história e ficar
com duas coisas que o homem branco tinha e ele não: dinheiro & dignidade.
A ler, sem grandes expectativas.

Oficina do Livro - sinopse

1 comentário:

Anónimo disse...

Sobre negros na sociedade americana sugiro veementemente "Their Eyes were watching God" de Zora Neale Hurston publicado em 1937. Aconselho a ler no original inglês porque a linguagem é simplesmente deslumbrante. Apesar de todas as peripécias é uma história muito bonita e tem uma grande demonstração de força de carácter (no feminino, só podia).