quarta-feira, março 01, 2006

:::CINEMA:::CINEMA:::CINEMA:::

Transamerica é um filme decente sobre um dos grandes tabus da América profunda do talvez séc. XXI.
A sexualidade.
É uma visão sobre como não se aceita a diferença do outro que nos é próximo mas se permite a perfidia e se cultivam as submissões das taras forçadas de cada um.
Transamerica é em grande parte o desempenho de Felicity Huffman transformada em Bree (que ainda começa Stanley) e termina numa verdadeira mulher, incluindo o instinto maternal, depois de uma tripla viagem (a da estrada, a da vida de Bree e a da descoberta da vida de Toby) cheia de pormenores e detalhes psico-trágicos que fazem rir a audiência.
Retratando com primor os clichés das famílias matriarcais desajustadas e conservadoras (a mãe ditadora estilo Dolly Parton sulista, o pai fraco preocupado com a sua ida performance sexual e a irmã rebelde num pós-estádio alcoólatra), ou os esquemas de sobrevivência dos miúdos espertos e despachados, há sem dúvida uma crítica implícita ao cinismo púdico americano, que para si clama o epíteto de "Land of Freedom. Home of the Brave".

É um filme que, tal como o nome indica, transveste a América e mostra que a liberdade é subjectiva e que o sonho não é propriedade americana como nos quiseram fazer acreditar, mas que no fundo, no fundo, a sorte protege os audazes.


Transamerica
Título original: Transamerica
De: Duncan Tucker
Com: Felicity Huffman, Kevin Zegers, Fionnula Flanagan
Género: ComDra
Classificacao: M/16
EUA, 2005, Cores, 103 min.
http://www.transamerica-movie.com/

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